sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Melhores que Deus?

     Todos sabemos o efeito das palavras em nós. Inúmeras vezes somos abatidos como soldados alvejados num campo de batalha, simplesmente por frases que ouvimos . O problema é que achamos que somente o que ouvimos nos prejudica e ignoramos o fato de que o que falamos também pode ser extremamente mortal pra nós mesmos. O apóstolo Pedro aprendeu a dura lição de não controlar o que saía dos seus lábios e nos deu o seguinte conselho “Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evitem que seus lábios falem engano.” (I Pedro3.10).  O que seria esse mal? O que seria esse engano?

     Tenho percebido que muitos comentários que fazemos são extremamente parciais e não levam em conta todos fatos. Nos gabamos de falar sobre fatos, mas será um fato completo ouvir uma frase sobre alguém ou saber de uma ação praticada por uma pessoa por boca de terceiros ? Ou até mesmo quando presenciamos uma cena ou vemos um ato a certa distância de nós, é possível que estejamos vendo tudo que se relaciona com aquela ação?  A questão é que atos ou fatos são sempre externos e nunca levam em conta o elemento invisível por trás de cada comportamento humano;  as intenções.

      O coração do homem é sondado e visto apenas por Deus (Jeremias 17.10).  Uma mesma cena, uma mãe corrigindo seu filho, pode ter duas realidades invisíveis completamente opostas. Numa realidade, a mãe o corrige porque está com raiva, porque  ele está atrapalhando o seu descanso; o que seria uma motivação egoísta. Em outra realidade a mãe está contra a sua própria vontade de não corrigir, esforçando-se para ensinar o filho uma lição que será importante em sua vida, tendo assim uma motivação altruísta. Até que ponto podemos “enxergar” corretamente as motivações alheias?

     Quando somos controlados unicamente por nosso coração, sem a presença do Espírito de Deus na nossa vida, tudo se torna um pretexto para instilarmos o veneno que possuímos. Temos uma fonte de maldade dentro de nós e é com ela que observamos os outros. Não importa quem sejamos, todos somos iguais nesse ponto (Mateus 15.18,19). Até mesmo a Palavra de Deus se torna arma que mata em nossas mãos, ao invés de remédio que cura. A utilizamos somente para condenar, julgar e expor e nos esquecemos que o propósito maior dela é trazer vida  (IICor.3.6)

      Sob falsos pretextos de ajudar ou falar a verdade, fazemos comentários maldosos e maliciosos, que na realidade apenas denigrem o nosso semelhante. Nos calamos ante as boas ações, mas multiplicamos palavras sobre os defeitos e erros. Para nos justificar, falamos mal do próximo. Para nos sentirmos melhores sobre nós mesmos, diminuímos os outros. O egoísmo que reina em nós não deixa espaço pra mais ninguém e nós temos de ser o centro sempre. Ninguém pode estar à nossa frente. Se o outro for superior em algo, logo descobrimos um meio de quebrar-lhe as pernas para que fique do nosso tamanho. A inveja, o ciúme, o ressentimento e o egoísmo é o que muitas vezes origina as nossas palavras sobre os outros .

     O grande problema e resultado de tudo isso é que ao ferirmos os outros, nós ferimos a nós mesmos. Deus nos criou para desfrutar de comunhão (Salmos 133.1) e nos alegrarmos com ela. O verdadeiro prazer que vem de Deus jamais será sentido por uma pessoa que prefere a  solidão egoísta, porquê a presença de Deus em nós só é real quando vivemos harmoniosamente e com os corações cheios de amor (João 17.23; Ijoão4.12, 13).  

     Cada dia temos observado mais e mais pessoas se afastando uns dos outros usando como justificativas os pecados alheios. Nas redes de relacionamentos é cada vez mais comum lermos frases que justificam a desconfiança, o isolamento em vez da aproximação e a tolerância. Alguns querendo ser muito santos retomam o tempo do antigo testamento e relegam  os demais à impureza e indignos de se aproximarem. Esquecem-se de que aqueles ensinamentos cumpriram seus propósitos e que o Santo, o filho do Altíssimo veio e usou Suas mãos para tocar os impuros, e usou o Seus pés para se aproximar dos pecadores, enfim usou todo Seu corpo e Sua vida para fazer uma ponte entre eles e Deus. Deus queria estar muito próximo de mim, de você, de todos... Somos melhores que Deus para rejeitarmos as pessoas por quem Ele morreu? Parece que pensamos que sim... enquanto Ele constrói uma ponte, nós erguemos muros!

A gente se vê…
Danyela Batista